Aprender a controlar seu orçamento é o modo mais prático de cortar gastos e começar a investir!
Douglas Gonçalves.
A maioria dos brasileiros já sentiu, em algum momento, que o dinheiro “some” antes do fim do mês. Essa sensação tem explicação: sem planejamento, os gastos cotidianos passam despercebidos e, quando nos damos conta, o orçamento já está no vermelho. O problema, muitas vezes, não está apenas na renda limitada, mas também na ausência de hábitos financeiros saudáveis, como anotar despesas, definir limites de consumo e estabelecer metas realistas.
Entre os principais desafios enfrentados pela população estão o uso excessivo do cartão de crédito, a falta de reserva de emergência e a dificuldade em diferenciar desejo de necessidade. O cartão, por exemplo, é um aliado quando usado de forma planejada, mas se torna um inimigo quando as compras parceladas comprometem o salário de meses futuros. Ao invés de funcionar como ferramenta de conveniência, acaba transformando-se em fonte de ansiedade e endividamento.
Os números reforçam a gravidade do cenário. De acordo com a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (Peic), da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), o percentual de famílias endividadas subiu de 77,6% em abril para 78,2% em maio. Entre os entrevistados, 83,6% apontaram o cartão de crédito como a principal fonte de dívidas. Os dados mostram que, mais do que uma dificuldade individual, trata-se de um problema estrutural que afeta a maioria das famílias brasileiras.

Diante desse quadro, o primeiro passo para recuperar o controle é simples, mas exige disciplina: mapear os gastos. Não importa se em um caderno, planilha ou aplicativo, desde que se enxergue com clareza para onde vai cada real. Esse registro ajuda a identificar desperdícios, ajustar prioridades e evitar que o orçamento seja consumido por pequenas despesas aparentemente inofensivas, mas comprometedoras no final do mês.
Outro ponto crucial é a criação de uma reserva de emergência. A falta dessa segurança faz com que imprevistos, como um problema de saúde ou um reparo doméstico, se transformem em dívidas de alto custo. Ao separar mensalmente uma pequena parte da renda, o indivíduo constrói um colchão de tranquilidade que ajuda a evitar a entrada em ciclos de endividamento.
Também vale adotar o hábito de “pagar-se primeiro”, reservando uma porcentagem do salário para poupança ou investimento antes de arcar com as demais despesas. Por fim, o ato de dizer “não” em momentos de impulso, renegociar dívidas com juros altos e buscar alternativas, como a portabilidade de crédito, são atitudes que contribuem para colocar o orçamento novamente sob o seu comando. Afinal, controlar as finanças não é apenas lidar com números, mas escolher o futuro que se deseja construir.