Dezembro chegou e o mundo se prepara para curtir as festas de final de ano. Mas, o mês não é feito somente de comemorações por mais um ciclo que se fecha. Desde 1988, há 36 anos, a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas) e a Organização Mundial de Saúde (OMS) instituíram o 1º de dezembro como o Dia Mundial de Luta Contra HIV/AIDS.
Dezembro Vermelho tornou-se uma iniciativa global para conscientização sobre a doença e ganhou essa cor em 1991, para ilustrar o laço usado como símbolo pelos americanos, James W.Bunn e Thomas M.Bell, ativistas que foram às ruas contra a falta de políticas públicas para tratamento do HIV/AIDS e solidariedade pela morte de amigos. A primeira campanha aconteceu em San Francisco, na Califórnia, com distribuição de preservativos e panfletos com informações sobre a doença.
Em pleno século XXI – marcado pelos avanços tecnológicos na medicina e produção de medicamentos – nunca foi tão importante destacar a expressão popular “Use camisinha!”. Algumas estratégias de prevenção ajudaram a reduzir a mortalidade e até permitiram um certo “alívio” quanto à doença ser atualmente considerada crônica. Apesar de os tratamentos apresentarem alta eficácia para frear a replicação viral e os poucos efeitos colaterais em comparação aos remédios usados na década de 1990, a situação ainda é preocupante. O detalhe é que nada disso ainda é suficiente no combate à propagação do vírus HIV (causador da AIDS), cuja identificação e isolamento aconteceram pela primeira vez no dia 20 de maio de 1983, através do cientista Luc Montagnier, do Instituto Pasteur, na França.
O UNAIDS, programa das Nações Unidas criado em 1996, com o objetivo de liderar uma resposta global à epidemia de HIV/AIDS, vem atuando com estreita colaboração com os países membros, além das organizações da sociedade civil (OSC). A proposta é manter uma rede de prevenção, tratamento e cuidados da doença. Há 22 anos, a representação do UNAIDS no Brasil move-se numa parceria com o Ministério da Saúde para elaboração do Boletim Epidemiológico, atualizado anualmente.
Os dados mais recentes do Relatório de 2024 do UNAIDS correspondem ao levantamento feito em 2023, com o registro de 39,9 milhões de pessoas vivendo com HIV no mundo. Desse total, 1,3 milhão são vítimas de novas infecções da doença. No ano passado, 630 mil morreram de doenças relacionadas ao HIV/AIDS, embora tenha ocorrido uma redução de 69% dos casos fatais, desde o pico da doença em 2004.
No Brasil, o Ministério da Saúde aponta um cenário preocupante. De acordo com o Boletim Epidemiológico feito entre 2007 até junho de 2023, foram notificados 489.594 casos de infecção pelo HIV no país. Comparando os anos de 2020 e 2022, o número de casos de infecção pela doença teve um aumento de 17,2%. Na série histórica, 70% desses casos foram notificados em homens e 29, 5% em mulheres. No que se refere às faixas etárias, observa-se no período analisado que 23,4% dos casos são de jovens entre 15 e 24 anos.
Quanto aos dados de mortalidade, o MS destaca que desde o início da pandemia de AIDS em 1980 até 31 de dezembro de 2022, foram notificadas 382.521 mortes tendo o HIV ou aids como causa básica. Os números mostram o quanto é importante e urgente o Dezembro Vermelho com a sua meta de ampliar as políticas públicas de prevenção e tratamento contra HIV/AIDS.
Como signatária, desde 2022, do Pacto Global das Nações Unidas, a Brasilcap compartilha o compromisso da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável da ONU, que prevê a erradicação da AIDS como ameaça à saúde pública. Para isso, a estratégia global do UNAIDS é garantir o acesso equitativo a serviços de HIV; quebrar barreiras jurídicas e sociais; integrar a resposta ao HIV aos sistemas de saúde; aumentar os investimentos, especialmente na Ásia, Europa Oriental, América Latina, Oriente Médio e o Norte da África.
Dentre os 10 princípios do Pacto Global, com os quais a Brasilcap se compromete a cumprir e disseminar, um deles trata de apoiar e respeitar a proteção aos direitos humanos reconhecidos internacionalmente, que está conectado com o ODS 3 – Saúde e Bem-estar. Faz parte da ambição da Agenda, acabar com as epidemias de AIDS, tuberculose, malária e doenças tropicais negligenciadas, e combater a hepatite, doenças transmitidas pela água, e outras doenças transmissíveis até 2030.
Contribuindo com esta temática, a Brasilcap apoia o Projeto Tou Ligado, com foco em Saúde, Educação e Sexualidade, localizado em Lagoa de Itaenga–PE. É uma ação de cunho social, educativo, cultural e político, realizada pela Geração Futuro. Tem a finalidade de contribuir na formação de adolescentes, de 13 a 18 anos (não completos) da rede pública de ensino, acerca da necessidade da prática do sexo seguro e da preservação da saúde enquanto bem comum e individual, tornando-os multiplicadores de informação no que tange os direitos humanos e sexuais.
Enquanto a Agenda 2030 da ONU enfrenta esses e tantos outros desafios no combate à doença, fazemos aqui a nossa parte, apoiando várias estratégias recomendadas por órgãos internacionais e nacionais, além da sociedade civil organizada.
A Brasilcap defende a prevenção primária através do uso de preservativos masculinos e femininos; testagem regular de HIV (para um diagnóstico precoce); acompanhamento médico, com consultas regulares com profissionais de saúde; o incentivo à educação sexual entre adolescentes, jovens e populações mais vulneráveis (LGBTQIA+, profissionais do sexo, usuários de drogas).
Junte-se a nós nessa luta. O silêncio não protege, a informação salva.
Fontes:
- Ministério da Saúde do Brasil
- UNAIDS (Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS)